Adeptos do Veganismo Defendem que Hábitos Protegem Meio Ambiente

Adeptos do Veganismo Defendem que Hábitos Protegem Meio Ambiente

Fatores como desregulação de temperaturas, tempestades fora de época e o aumento do nível do mar são consequências do aquecimento global.

Um estudo do Observatório do Clima de 2023 mostra que a cadeia alimentar baseada na pecuária foi responsável por 30% das emissões globais de gases de efeito estufa, índice que chega a 74% dos gases emitidos no Brasil.

A agropecuária é apontada, ainda, como responsável por 91% do desmatamento da Amazônia, segundo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A produção de soja e milho para ração de gado representa cerca de 80% das colheitas desses produtos no país e tem utilizado grandes volumes de agrotóxicos, fertilizantes e irrigação, o que provoca a destruição da biodiversidade.

Nesse contexto, adeptos ao veganismo dizem que a prática dessa alimentação contribui para uma alternativa a esse cenário ambiental. Mais do que um estilo de vida, o veganismo se configura como uma filosofia que busca minimizar, na medida do possível, o consumo de produtos derivados de seres vivos, seja na alimentação, vestuário ou cosméticos.

O movimento tem tido relevância, não apenas como uma escolha em relação ao tratamento dos animais, mas também como uma proposta para a preservação ambiental.

A coordenadora da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), Mila Monteiro de Barros, ressalta que o veganismo é um ato que ocorre dentro dos limites do que é “possível e praticável”.

Ela destaca que, embora a busca por alternativas sustentáveis seja fundamental, nem sempre é viável garantir que todos os produtos consumidos sejam isentos de exploração animal, como no caso da indústria de vacinas, que ainda depende de testes em animais.

“Temos ampla consciência que não é possível controlar ou saber exatamente como é o processo de fabricação envolvido de cada produto que utilizamos como, por exemplo, as partes de um carro, certas colas, graxas e outros insumos. Também não há alternativas na indústria de vacinas, por exemplo”, reforça.

Veganismo como resposta ao impacto ambiental

Roberto Gandara, profissional de comunicação, é vegano há 10 anos, e explica que o interesse pela filosofia vegana começou ainda na adolescência, quando passou a ter uma nova impressão sobre a carne.
“Eu via aqueles pedaços de carne e pensava: ‘não consigo comer um ser-vivo tão semelhante a nós’”, conta.

Após problemas de saúde e aprofundamento sobre o tema, Roberto adotou o veganismo. Segundo ele, esse tipo de alimentação consiste em três esferas: “A primeira é a pessoal, o que você faz para você mesmo, para o seu próprio bem estar. A segunda é de você para o outro, é a compaixão com outro ser. E a terceira é o coletivo, o meio ambiente”, explica.

No entanto, Roberto alerta que a adoção do veganismo não é garantia de uma dieta saudável. “O veganismo não é necessariamente saudável, principalmente devido à grande oferta de alimentos ultraprocessados e cheios de agrotóxicos”, observa.

Para ele, uma alimentação vegana saudável deve ser baseada em alimentos orgânicos, minimamente processados e livres de embalagens. “É importante escolher alimentos naturais, preferencialmente provenientes da agricultura familiar, que tem um impacto ambiental muito menor”, afirma.

A importância da Agricultura Familiar

Para Roberto, a agricultura familiar desempenha um papel fundamental na construção de um sistema alimentar sustentável e saudável. “A produção de alimentos orgânicos por pequenos agricultores e a reforma agrária são essenciais para garantir o acesso a uma alimentação balanceada, sem agrotóxicos e transgênicos. Além disso, esses modelos de produção são mais sustentáveis, favorecem a preservação ambiental e sustentam o orçamento de muitas famílias”, comenta.

Ele ainda acrescenta que as escolhas alimentares não deixam de ser um ato político. “Quando opto por consumir alimentos da agricultura familiar, faço uma escolha consciente e política. Esse é meu jeito de contribuir para um sistema mais justo e sustentável”, conclui.


Por Lukas Fagundes e Paulo Renato.

Sob supervisão de Isa Stacciarini

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